QUEM DIRIA, MAJESTOSO PENHORADO
Coluna sobre a penhora /
Hoje, tento trazer um pouco de reflexão sobre a penhora do Majestoso e sobre três principais personagens que envolvem nossa casa: Moysés Lucarelli, Sérgio Carnielli e nós, apaixonados torcedores.
A notícia publicada dia 06/01/2023 no Globo Esporte dizia que o Estádio Pontepretano, o nosso Moisés Lucarelli foi penhorado pela justiça a pedido do presidente de honra Sérgio Carnielli.
Para todos vocês que estão lendo esta coluna entenda o sentimento do torcedor Pontepretano, vou tentar explicar em poucas palavras a história e a importância do Majestoso na vida do torcedor alvinegro.
Inaugurado no ano de 1948, o estádio Moisés Lucarelli foi chamado por toda imprensa nacional de "Majestoso", pelo fato de na época, ser o terceiro maior estádio do Brasil, ficando atrás apenas do Pacaembu em São Paulo e de São Januário, estádio do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro.
Mas isso não é de fato o ponto que mais faz brilhar os olhos de qualquer torcedor da Ponte, mas sim, a maneira como ele foi construído. O Majestoso é o único estádio do mundo que foi erguido pela força da sua própria torcida, através das doações de todo tipo de material de construção (a primeira caravana conquistou cerca de 250 mil tijolos), mais o tempo, o serviço prestado e doado de cada alvinegro naquela década de 40.
Imaginem vocês o tamanho desse feito, vindo de um clube do interior paulista, superando grandes clubes do Brasil que na época não tinham casa para jogar. Que orgulho desta torcida, que orgulho do nosso patrono Moysés Lucarelli (com Y mesmo), que cedeu mais do que o terreno para a construção do Majestoso, doou sua vida em prol da Ponte Preta.
E ao falar de Moysés Lucarelli, logo me vem um ponto importante em relação a esta coluna: a ousadia, a coragem e o amor que ele tinha pela Nega Veia. Deixou família, seu próprio negócio, sonhos, tudo em segundo plano para executar o estádio planejado, mostrando ser de fato, um verdadeiro Pontepretano, digno de ter seu nome estampado na fachada do estádio alvinegro e de ser eternamente lembrado por cada torcedor da Ponte. Exatamente o contrário de Sérgio Carnielli, que dizem por ai, nem torcedor Pontepretano é.
Vale lembrar que, independente de ser ou não Pontepretano, Sérgio Carnielli tem sim seu lugar na história da Ponte. Através de sua visão de negócios, tirou a Ponte de uma eminência falência, negociou e tratou das dívidas da época, nos trouxe de volta a elite do futebol brasileiro, mas, ao longo dos anos, tudo isso acabou sendo superado pelas péssimas administrações, desmandos e descaso com o clube que um dia ele imaginou que poderia ser uma fonte de receita e lucros.
A comparação que consigo fazer neste momento entre Moysés Lucarelli e Sérgio Carnielli, dois empresários de Campinas, cada qual a sua época, é de dois irmãos, onde um fez das tripas coração para dar a tão sonhada casa para sua mãe e o outro, neste momento, faz das tripas coração para tirar a casa de sua mãe.
O sentimento do torcedor Pontepretano traduz um nó na garganta, um ódio e uma revolta sem tamanho, ao ver que nossa amada Ponte Preta, passe pelo vexame de ter sua casa penhorada e muito mais, deixando um sentimento de incerteza em relação a nossa própria existência.
Sérgio Carnielli cobra uma dívida de 85 milhões da Ponte, deixada por ele e seus péssimos administradores, diga-se de passagem, e para isso, ajuizou a penhora do Majestoso.
Sérgio Carnielli ficou a frente da Ponte por aproximadamente 24 anos. Não sou contra, de jeito nenhum, que Sérgio Carnielli receba cada centavo que colocou na Ponte, durante sua gestão. Mas essa dívida deve ser analisada por auditorias sérias e independentes e que comprovem todos os valores de empréstimo, ao mesmo tempo, que deve se levantar, o quanto Sérgio Carnielli já recebeu da Ponte, através da venda de jogadores.
Não vamos ser hipócritas. A dívida existe, mas o valor deve ser comprovado, e assim que isso acontecer, a Ponte deve fazer um acordo para pagar o que lhe deve.
Todos sabemos que Carnielli não precisa deste dinheiro, mas sua vingança pessoal contra a atual diretoria que o tiraram do poder e outros que ousaram lhe enfrentar durante sua gestão, junto com outros ex - dirigentes que acionam a justiça para penhora de cotas de patrocínio e todo tipo de receita que o clube possa ter, o faz tomar atitudes que inviabilizam não só o futebol, mas como o próprio futuro da Macaca.
Um verdadeiro filho, jamais ameaçaria tirar a casa de sua mãe, assim como um verdadeiro Pontepretano, jamais mexeria com algo tão sagrado para sua torcida. Acordos na justiça, os mesmos acordos que foram feitos em 1996 durante o início de sua gestão, estão ai para dar uma ótima saída para que a Ponte honre suas dívidas.
Ao contrário do que Luís Fabiano uma vez disse em entrevista quando jogava pelo São Paulo e veio jogar contra a Ponte em Campinas, na mãe não se bate nunca e neste momento, com esta infeliz atitude, Sérgio Carnielli está colecionando mais um triste capítulo na sua história com a Ponte.
A nós torcedores, cabe cada vez mais dar o apoio que a Ponte merece. A nós, verdadeiros filhos, cabe não deixar nossa mãe triste e darmos sempre o nosso melhor, que pode ser pouco, mas se for de coração, será do tamanho do mundo, assim como é para nós, o nosso MAJESTOSO.
Que esta fase sombria e que estes tristes capítulos para a Nega Veia passem logo.
Que nada e ninguém possa esfriar nosso sentimento de amor pela Macaca e que possamos dizer que sempre, com a Ponte, JUNTOS ESTAREMOS!